Cerâmica Alvorada em 1960 no Bairro Amoreiras (marginal da BR-040) em Paracatu

Por: Carlos Lima (*Arquivista)

No ano de 1940, operavam no município de Paracatu 6 estabelecimentos do ramo de olaria, atestam os levantamentos estatísticos disponíveis no Arquivo Público Municipal e que foram produzidos pelo Departamento Geral de Estatística do Estado de Minas Gerais sob a responsabilidade do agente Edson Jorge dos Santos.

Com o maior número informado de funcionários (8) e a maior produção de tijolos (250 mil unidades em 1939), a firma proprietária denominada José Rodrigues Guimarães possuía em seus quadros 1 diretor-administrativo, 3 operários adultos e 4 operários menores de 14 anos de idade. Já a empresa José Francisco Natividade, localizada no Arraial de São Sebastião, classificava-se como a maior produtora de telhas curvas (132 mil unidades em 1939) e tinha como diferencial competitivo a fabricação de cadinhos para fundição, com 20 unidades entregues naquele ano.

Ainda de acordo com o notável levantamento do Departamento Geral de Estatística, toda a matéria prima utilizada, como argila, areia e lenha, era de origem local e toda a produção atendia a consumidores da própria cidade em que se localizavam as olarias.
Estatística de 1939 da produção das olarias
Anverso da estatística da produção das olarias

Anos mais tarde, a indústria do ramo de olaria passaria por profundas transformações com a instalação das chamadas “cerâmicas”, à exemplo da Cerâmica Alvorada na década de 1960 no Bairro Amoreiras/BR-040 e Cerâmica Paracatu, na antiga Rua Espírito Santo (hoje Adriles Ulhôa) no bairro Paracatuzinho, na década de 1970.

Há relatos da existência de outras cerâmicas na cidade em tempos pretéritos, de acordo com informações oriundas do Dr. José Aluísio Botelho (Blog A Raposa da Chapada) e da Professora Maria Eliana Morais (Grupo Memórias de Paracatu no Facebook), porém sem maiores detalhes sobre o assunto.

Documento comprova a existência da Cerâmica Paracatu Ltda, no Bairro Paracatuzinho em 1972

Salvo nos casos em que se torna justificável o fabrico local de tijolos artesanais para fins de preservação de edificações com valor histórico, como é o caso do adobe, a aquisição de tijolos cerâmicos é geralmente feita a partir dos municípios vizinhos de João Pinheiro e Monte Carmelo, o que sugere a inexistência, em tempos presentes, desses estabelecimentos industriais na cidade de Paracatu, que em 1965 já alcançara a marca de 800 milheiros de telhas e 1,40 milhão de tijolos produzidos.  

Os tijolos de adobe, fabricados nos fundos do casarão nº 109 em restauro, na Rua Temístocles Rocha em Paracatu. Foto: Carlos Lima/APMOMG/Maio 2011

(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projeto e é conservador e restaurador de documentos. Elaborou este artigo a partir de suas pesquisas nos fundos documentais do Arquivo Público de Paracatu – MG.

Referência

COMARCA DE PARACATU. Processo de execução fiscal contra Cerâmica Paracatu Ltda. Cx. EF-01. 1972. 8 fls.

ESTADO DE MINAS GERAIS. DEPARTAMENTO GERAL DE ESTATÍSTICA. Indústria de Olaria, Cerâmica e Marmoraria. Paracatu. 1939, 1 fl.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PARACATU. Dados estatísticos de Paracatu. 1965. 2fls.

Colaborou com informações sobre a Cerâmica Alvorada, o servidor público e pesquisador paracatuense, Sr. Eduardo Rocha.

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