
Por : Carlos Lima (*Arquivista)
À convite do EJA Cacilda Caetano, que tem como propósito crucial o fortalecimento da educação de jovens e adultos, a palestra intitulada “documento e memória, o Arquivo Público na escola” foi proferida para alunos daquela classe nesta terça-feira (30), na Escola Municipal Antônio Ribeiro.

A palestra fez parte da programação da Aula Oficina de História, organizada pela professora e mestranda Wanderlândia Silva, que não mediu esforços para inserir seus alunos no majestoso universo histórico do qual Paracatu faz parte, inclusive com a participação de membros da comunidade, como o Sr. José Francisco, um griô (difusor de tradições), que deu seu importante depoimento sobre um pote cerâmico que resistiu ao tempo e fez parte da vida de diversas gerações de sua família.
A oficina em si é uma relevante ação voltada para educação patrimonial de jovens e adultos, que nem sempre dispõem de tempo e recursos para acessar os bens culturais e turísticos que a cidade possui, barreira esta que pode ser rompida quando elementos desse rico contexto são apresentados a esse público, como ocorreu na iniciativa em destaque.
“Documento e memória, o Arquivo Público na escola”, levou experiência cultural e conhecimento histórico para os dedicados estudantes através de uma breve explanação sobre o papel da instituição enquanto guardiã do precioso acervo documental sobre a região Noroeste de Minas Gerais, além de trabalhar detalhes intrínsecos e extrínsecos que permeiam as fontes de pesquisa, a exemplo dos manuscritos e fotos.
Na ocasião, foram apresentadas fotografias de época, além de uma reprodução de um raro manuscrito de 1786 parte do dossiê do testamento do Sr. João Alves Guerreiro, morador do Arraial da Lagoa de Santo Antônio no município de Paracatu, em que a despesas relacionadas ao seu funeral foram pagas com ouro.
O evento de caráter pedagógico e educacional foi considerado uma grande oportunidade de provocar na comunidade uma reflexão quanto ao seu pertencimento em relação ao patrimônio material e imaterial de Paracatu, além de favorecer o compartilhamento do saber ainda muito enclausurado nos registros, peças e testemunhos de cunho histórico.
(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projeto e é conservador e restaurador de documentos. Elaborou este artigo a partir de suas pesquisas nos fundos documentais do Arquivo Público de Paracatu – MG.
REFERÊNCIAS
LIMA, Carlos E. G. O ouro, moeda corrente de outrora. Disponível em: < https://paracatumemoria.wordpress.com/2022/08/19/o-ouro-moeda-corrente-de-outrora/ >. Acesso em: 01 Set. 2022.
TRIBUNAL ECLESIÁSTICO. Testamento do Sr. João Alves Guerreiro. Cx. 25. 1786. 29 fls.