Edificação colonial que pertencera ao Coronel Fortunato Botelho destaca-se no Largo da Jaqueira em Paracatu

Por: Carlos Lima (*Arquvista)

O cerrado mineiro muito encanta pela peculiaridade e beleza de sua vegetação, pela resiliência e pujança de seus córregos, rios e ribeirões, e pelas riquezas culturais que ao longo de séculos foram se formando e se consolidando com a presença humana dentro dos seus limites. A outrora Vila do Paracatu do Príncipe, hoje pujante cidade, é desses destinos especiais que guardam preciosidades que despertam cada vez mais o interesse de turistas e mesmo de quem está de passagem pela BR-040 (Via Liberdade) e pela MG-188.

O visitante que por aqui chegar ou decidir fazer um breve passeio nas entranhas mais remotas do município, que até 1798 chamava-se Arraial de São Luis e Sant’Anna das Minas do Paracatu, vai desvendar um conjunto de edificações coloniais com uma imponência que dá gosto de se vê e de se conhecer. Sim, vai caminhar por um formidável circuito turístico que inclui Igrejas, Museus, Casa da Cultura, bares, hotéis e restaurantes, além de espaços belíssimos para fotografar, como o Chafariz da Traiana.

Chafariz da Traiana: Uma referência aos outros chafarizes

Belas cachoeiras ainda estão escondidas em meio à paisagem rural e dentro de propriedades privadas, mas há esforços do poder público no intuito de melhorar a infraestrutura de acesso a algumas delas, com a possibilidade de asfaltamento das estradas que levam os visitantes até esses atrativos. Aliada à elaboração de um plano de manejo para uso sustentável e estruturado desses bens naturais, a iniciativa poderá impulsionar o turismo e o lazer ainda muito incipiente nessas localidades.

Como cidade que mantém em sua história as marcas nefastas da escravidão, que não raro são constatadas também pela análise de documentos disponíveis no Arquivo Público Municipal, é possível ainda circular por alguns lugares que remetem a esse período, como o Quilombo de São Domingos, o antigo Arraial de São Sebastião, ambos em perímetro urbano, e o Arraial da Lagoa de Santo Antônio, distante cerca de 10 quilômetros da sede do município.

Arraial da Lagoa de Santo Antônio em Paracatu

Nos principais eixos do Núcleo Histórico, onde ainda prevalecem as residências e um pequeno número de estabelecimentos comerciais, inclusive os atrativos já citados, testemunha-se um silêncio que não se vê nos outros cantos da cidade. Da varanda da Casa da Cultura (edificação exemplar de 1857), contempla-se, dentre outros aspectos, uma melodia doce e afável entoada pelos pássaros que alí aportam. Alguns encontram nessa calmaria a oportunidade perfeita para “descansar e relaxar”, relata a Arquivista Marisa Silva (44), para quem Paracatu além de ser “sua casa materna”, é também um refúgio em relação a vida corrida na capital federal onde mora atualmente, distante a 240 quilômetros daqui.

Casa da Cultura de Paracatu

Uma programação especial vem se consolidando ao longo dos anos, com vistas à valorização das tradições locais, dos artistas e do turismo, com a realização durante o mês de julho do Festival do Patrimônio Cultural, com muita música e gastronomia de alta qualidade, que tem sido um diferencial competitivo em relação a outros destinos turísticos, de forma a atrair o grande público para a cidade.

Localizada às margens da BR-040, mais precisamente na antiga Fazenda Rodeio Gaúcho, o Parque Estadual de Paracatu é administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e figura como uma das grandes possibilidades turísticas a serem melhor exploradas num futuro próximo. Com seu plano de manejo devidamente aprovado, a área tem visível potencial para o turismo de aventura e já conta com a realização de trilhas à pé e de bike, sempre com agendamento prévio junto àquele Instituto responsável.

Sede do Parque Estadual de Paracatu

Paracatu é inevitavelmente o destino mais indicado no Noroeste de Minas Gerais para quem deseja fazer uma nostálgica viagem pelo tempo e pela arquitetura colonial, além de aproveitar para degustar as saborosas quitandas que seu circuito turístico pode oferecer, como o pão de queijo recheado com carne seca, a empada de frango com capa fina, os bolos desmamada e de domingo, dentre muitos outros.

(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projeto e é pesquisador da história e da cultura de Paracatu.

Referência

PARACATU RURAL. Gerente de Parque Estadual fala dos benefícios da preservação da natureza. YouTube, 04 de maio de 2019. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=1krKWq6Ub_o >. Acesso em: 17 de Novembro de 2022.

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