Cargueiro em frente à fazenda em Paracatu

Por: Carlos Lima (*)

Fincada bem no cerrado mineiro e a aproximadamente 45 quilômetros da divisa com o Estado de Goiás, Paracatu se destaca, dentre outros aspectos, por uma produção agrícola pujante, notadamente quanto à cultura de grãos, contudo é possível verificar, conforme documento histórico da década de 1940, que havia por estas cercanias uma agricultura muito mais diversificada.

A diversificação da produção agropecuária no município de Paracatu em 1940.

Levantamento estatístico de 1940 intitulado “Produção agropecuária” assinado pelo Agente Municipal de Estatística, Sr. Edson Jorge dos Santos, apresenta o panorama da produção agropecuária de Paracatu através de dados sobre os principais agricultores e criadores de animais no município. As espécies cultivadas, segundo o documento, são abacaxi, algodão, alho, arroz, amendoim, banana, batatinha, café, cana, feijão, laranja, mandioca, milho, tomate e até mesmo uva. Também constam dos dados, a criação de aves domésticas, asininos, bovinos, caprinos, equinos, muares, ovinos e suínos.

Entre os municípios classificados como mais ricos no agronegócio do Brasil, Paracatu destaca-se atualmente e em especial na produção de grãos e como tal, ocupa a posição de nº 41 desse ranking produtivo, conforme dados levantados e divulgados no período 2019-2020 pelo IBGE (REVISTA GLOBO RURAL, 2022). Essa vocação para culturas do tipo soja, feijão e milho, contudo, deixou para trás o cultivo de muitos daqueles produtos que fizeram parte da economia local nos anos de 1940.

Pesquisa realizada pelo IBGE aponta o declínio na produção de alguns itens entre 2004 e 2020, a exemplo do café, da laranja, do mamão, do maracujá e até mesmo da tão tradicional banana (ver gráfico acima), que em Paracatu encolheu de aproximadamente 5.000 toneladas em 2010 para cerca de 500 toneladas em 2020 (queda de 90%), de forma a “comer poeira” em relação a diversos outros municípios mineiros, como Jaíba e Janaúba, por exemplo, que se destacam no plantio da fruta.

Plantação irrigada de soja no cerrado (possivelmente em Paracatu)

Salvo nos casos em que a produção tem origem na agricultura familiar, é bem provável que o desestímulo pela plantação de algumas culturas venha do alto custo com a manutenção da lavoura e da possibilidade de obtenção de maiores lucros com o arrendamento de terras para grandes empreendimentos voltados, por exemplo, ao plantio de cana-de-açúcar, que por sinal, também já despertara noutros tempos (início do século XX) interesse dos produtores, face aos velhos e quase extintos engenhos de açúcar e aguardente localizados na zona rural.

(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projeto e é conservador e restaurador de documentos. Elaborou este artigo a partir de suas pesquisas nos fundos documentais do Arquivo Público de Paracatu – MG.

Referência

REVISTA Globo Rural. 100 municípios mais ricos do agronegócio no Brasil. Disponível em: < https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Economia/noticia/2022/01/100-municipios-mais-ricos-do-agronegocio-no-brasil.html > . Acesso em: 28 Jan. 2022

IBGE-Cidades. Produção Agrícola – Lavoura Permanente. Disponível em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/paracatu/pesquisa/15/11863?tipo=grafico&indicador=11883 > . Acesso em: 28 jan. 2022

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Agência Municipal de Estatística. Produção Agropecuária de Paracatu em 1940. 1940, 1 fl.

Publicidade